terça-feira

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As palavras nascem-me ásperas, sem candura ou meiguice, soam-me rudes, como dialectos antigos. Perderam o seu delicado madrepérola, assumindo-se graníticas e opacas, impossíveis de esculpir pela prosa ou verso.

Caem as sílabas em derrocada, corroídas pelas nascentes que rompem o meu coração. As palavras, as minhas palavras, são grotescas, mal acabadas, moldes de gesso disformes, sem arte ou engenho, que articulam, em gritos mudos, a dor que ainda não despi, a tristeza que ainda não passou, o vazio, que cada folêgo, alarga dentro do peito. As palavras morreram, diminuídas e apagadas, sem sol ou esperança.

Assim, deixo-me estar, deixo-me ir, até que a vontade chegue, até o amanhã surgir, no meu horizonte imaginário.

3 comentários:

Guilherme F. disse...

Sem nenhuma vaidade, fez-me lembrar um escrito meu....
Gui
coisasdagaveta.blogs.sapo.pt

Manuel Veiga disse...

palavras "inteiras"! por isso belas

beijos

Nanny disse...

A minha linda continua triste... já é tempo de olhar a vida com outros olhos, com outras palavras... não?

Beijinhos, linda

p.s. e o nosso café, é para quando, dia de S. Nunca...? lol